Capítulo 2 – Dormitório feminino com banho ao ar-livreLocal desconhecido, Hinata, Japão. 15:45--- E então, Su. O que você acha?
--- Ele ainda está desacordado.
André jazia deitado sobre um futon num quarto decorado em estilo japonês. Estava sobre ele uma garota morena de cabelos loiros, usando uma roupa de colegial japonesa e com cara de sapeca. Seu estilo lembrava muito a uma mulher indiana. Sua cara de sempre feliz irritaria qualquer pessimista.
--- Hum... O quê? Como é que... – resmunga André.
André olha e nota a garota sapeca sobre ele.
--- AHHHHHHH!!!!! – se levanta e permanece sentado sobre o futon - O quê, como?
André olha para o lado e vê uma menina com um rosto pouco tímido, cabelos negros, olhar delicado, usava um suéter preto com uma saia azul escura. Parecia muito preocupada com André, o que o deixou um pouco envergonhado.
--- Bem... É que a minha amiga aqui... Ela é inventora e... – tentava falar a garota tímida
--- Nyá ha ha, é que eu estava testando o poder das minhas bombas de pólvora adicionada de reagentes químicos... – falou a garota indiana.
--- Bem, é que eu estava comendo na Casa de Chá e subi as escadas até aqui... O meu nome é André de Oliveira Bastos ou André Mijikawa de acordo com meu documento de nacionalidade japonesa. – dizia André mostrando um documento com sua foto e identificação como cidadão japonês.
--- E meu nome é Kaolla Su. – disse a indiana.
--- O meu é Shinobu Maehara. – disse a tímida.
De repente, a porta do quarto abre revelando duas pessoas. Uma delas era uma mulher de cabelos longos e ruivos, de uma aparência mais velha do que a das duas que se apresentaram, usava também um suéter e saia, porém eram amarelo e vermelho respectivamente.
Do lado dela havia um homem de cabelos escuros e usava óculos quadrados. Era um pouco mais alto que eu, 1, 71m para ser exato. Não possuía um porte físico muito forte, mas o André não poderia se gabar, já que nunca gostou de educação física. Usava uma blusa lisa com uma calça jeans.
--- Ele acordou? – perguntou o homem de óculos.
--- Deixe de ser estúpido, Keitarô! É claro! – gritou a ruiva para o homem de óculos enquanto dava um tapa na cabeça dele.
--- Me desculpe, Narusegawa! – gritava o homem de óculos.
André olhava isso tudo e achava muito engraçado.
--- Então, mocinho. Qual é o seu nome? – perguntou a moça que aparentava se chamar Narusegawa.
--- Meu nome é André de Oliveira Bastos, ou André Mijikawa de acordo com o meu documento de nacionalidade japonesa.
--- Prazer, André Mijikawa. Meu nome é Keitarô Urashima.
--- Prazer, meu nome é Naru Narusegawa.
--- Obrigado... Hehehe!
A porta é aberta novamente e abre caminho para mais duas pessoas: Uma mulher alta, de cabelos extremamente negros, pele branca e macia, carregava consigo uma katana. Usava um hakama, roupa tradicional de sacerdotisa japonesa. Essa hakama é constituída de uma blusa branca, grande e folgada e uma calça longa vermelha presa pela cintura.
A outra era uma mulher loira, mas com o cabelo mais claro do que a da Kaolla. Carregava consigo uma sacola com cinco latinhas de sakê. Possuía um olhar em forma de raposa, e tinha um sotaque muito parecido com o de Osaka.
--- Então ele se recuperou? – falava a mulher alta.
--- Como é o seu nome, jovenzinho? – perguntou a mulher do sakê.
--- Não acredito que vou ter que falar pela terceira vez... – pensou André.
--- Meu nome é André de Oliveira Bastos, ou André Mijikawa de acordo com o meu documento de nacionalidade japonesa.
--- Meu nome é Motoko Aoyama. – respondeu a mulher alta.
--- E o meu nome é Mitsune Konno. Mas pode me chamar de Kitsune, é meu apelido que significa raposa, você deve saber o porquê. – falou a mulher do sakê.
André nota que a sala estava cheia de pessoas e deduz que onde ele estava devia ser aquele prédio grande onde havia sofrido a explosão.
--- E onde eu estou? – pergunta André.
--- Bem... Você está dentro do meu quarto – responde Keitarô Urashima – que fica dentro da pensão Hinata.
--- Então essa é uma pensão?
--- Claro. Ou ainda não escutou? – resmunga Motoko.
--- Será que eu posso fica aqui? Eu estou precisando morar em uma pensão por causa do meu intercâmbio!
Do nada, todas as residentes começam a rir, menos Motoko e Shinobu.
--- Hahahaha... Me desculpa por rir, mas é porquê você não deve ter visto a placa na entrada. – fala Narusegawa.
--- E o que tem a placa? – pergunta André.
--- Lá tem escrito: “Dormitório feminino: Proibida a hospedagem de homens”
--- De onde você é? – pergunta Kaolla.
--- Eu sou do Brasil, ganhei intercâmbio por tirar o primeiro lugar de um curso de japonês, e eu sou considerado uma celebridade por lá...
--- Por quê? – pergunta Shinobu.
--- É porque eu sou o filho do inventor do PS2. E...
Todos os residentes gritam de súbito:
--- FILHO DO INVENTOR DO PS2???
--- Sim, é que eu... Ufs!
As garotas começam a fazer milhões de perguntas para André. Só que Mitsune puxa Keitarô para o lado e pergunta
para ele.
--- Hei, Keitarô, que tal o deixar morar na pensão?
---Como é que é, Kitsune? Por que essa idéia assim de repente?
--- Nós estamos com problemas financeiros, certo? Então que tal o deixar morar aqui? Ele vai acabar pagando todas as
dívidas!
--- Mas de onde você acha que ele tem dinheiro?
--- Ele é filho do inventor do PS2, ele deve ser um ricaço!
--- Acho que as garotas não vão concordar.
--- Nós as convencemos...
--- Tá legal, mas é pelo bem da pensão...
Keitarô entra no meio das garotas e pergunta para André:
--- Hei, André... Eu pensei um pouco e... Bem... Gostaria de morar na pensão?
--- O QUÊ!!!??? – gritou Naru de uma forma estridente, puxando Keitarô para a parede.
--- Urashima, o que está pensando? – pergunta Motoko.
--- Diga logo, Keitarô!!! – grita Naru.
--- Mas é que... Estamos com problemas financeiros na pensão e precisamos de alguém rico como ele.
--- Urashima, e se esse garoto for um pervertido, um tarado que chega atrás dos outros e... – fala Motoko instantes antes de André chegar e dizer:
--- Hei, Keitarô, eu aceito...
Motoko se assusta por André aparecer por detrás dela e puxa a espada da bainha.
--- ZAN – GAN – KEN*!!!!! – grita Motoko que se vira, lança um feixe de ar pela espada e acerta André que sai voando.
--- Apoaksrostakre – grita André em pleno vôo.
O teto é destruído e todos no quarto se calam por 30 segundos, até que:
--- MOTOKO, você viu o que fez??? – grita Naru no ouvido de Motoko a deixando confusa.
--- E o que pode ter acontecido com aquele jovem? – fala Keitarô.
--- Imagino que ele deva ter sido cortado em dois... – sussurra Kitsune.
--- Cortado... Em dois...?? – fala confusa a pequena Shinobu enquanto imagina André dentro de um caixão cortado em dois.
--- Eu... Juro que... Foi auto-defesa... Ele... Ia... – fala confusamente Motoko.
A porta do quarto se abre abruptamente assustando a todos, na porta estava André com um galo e um curativo enorme na cabeça.
--- Hehehe... Para quê essa violência? – falava André enquanto ria.
Todos no quarto ficam calados por mais 30 segundos.
--- Meu poder está tão fraco a ponto de não ter matado ele? – pensa Motoko.
--- Hei, gente, para quê esse silêncio? – pergunta André.
--- Você... Sobreviveu...? – questiona Naru.
--- Sim, não deveria?
--- Você voou até uma altitude de 30 metros, como você sobreviveu? – pergunta Motoko.
--- Sei lá, isso doeu bastante, mas cá estou eu recuperado. Também achei estranho.
--- Hei, Keitarô. – Naru vira para Keitarô – Ele não é parente teu não, né?
--- Claro que não, Narusegawa.
--- Não entendi essa. – fala André.
--- Simples. – fala Naru.
Naru dá um murro em Keitarô fazendo-o voar em direção a parede. Keitarô sai da parede e se levanta sangrando pela testa.
--- Entendeu? – perguntou Naru.
--- Quer dizer que eu estou imortal? – André pergunta a Naru.
--- Para sobreviver de um ataque da Motoko, você deve estar mesmo. Isso é incrível, parece que é só morar nessa pensão que as pessoas ficam invencíveis.
--- Me sinto mais forte, hehehe! – André começa a andar calmamente até tropeçar em uma tábua de madeira e cair em cima dos seios da Naru.
--- SEU PERVERTIDO!!! – Naru dá um murro em André que o prende no chão.
--- Vamos deixá-lo morar aqui? – pergunta Kitsune.
--- Fazer o quê... – suspira Naru.
--- Contanto que não seja outro pervertido. – fala Motoko.
--- Pode contar comigo! – grita André quando se levanta do chão na frente de Motoko.
Nesse mesmo instante André aparece abatido do outro lado do quarto.
--- E não me dê sustos, moleque. – diz rispidamente Motoko.
--- Claro... Motoko-san...
Keitarô dá a mão para André e ajuda-o a se levantar.
--- Então, posso mostrar o seu quarto?
--- Claro, Keitarô-san.
--- Pode me chamar de Keitarô.
Eles saem do quarto de Keitarô e André consegue finalmente visualizar as lindas cerejeiras que rodeavam a pensão, o corredor era situado às laterais da pensão, habilitando essa bela visão das árvores. Ao longe podia se ver um terreno descampado perto de uma pequena cachoeira. Os dois andaram até parar em frente a um quarto com o número 202, ao lado do quarto do gerente.
--- Aqui está seu quarto – diz confiante Keitarô.
Keitarô abre a porta e mostra um quarto típico de pensão japonesa, largo e dividido em duas partes, com uma mesa baixa no centro e uma televisão na primeira parte, e com um futon e armário na segunda. Havia também um pequeno canto para fazer e aquecer o chá.
--- Uau! Obrigado, Keitarô!
--- É um quarto bem parecido com o meu, espero que se acostume.
--- Não precisa se preocupar, eu tenho um dinheiro em banco que pode me ajudar a comprar uns móveis e utensílios para cá.
--- Claro. Mas agora eu tenho que ir... Hora de ir fazer as compras.
--- Então eu tenho que sair também, vou pegar minhas malas no hotel onde eu estava e trazer para cá.
André sai pela escadaria da pensão contente por ter conseguido um local para morar. Não era normal um garoto ir morar numa pensão feminina, mas ele gostara de ver quão feliz era tudo por lá. Notou pela primeira impressão que lá era o local certo para morar. Ao chegar no hotel, vê na recepção que havia recebido uma carta da loja de recomendação de colégios. Abriu-a e leu o que havia escrito:
“Senhorita Andréa,
Encontramos a escola perfeita para você, ela se chama Academia Mahora, e você não precisará se preocupar com o fato de que no Japão as aulas começarem em maio, já que lá será adotado o método ocidental, começando na metade de fevereiro. Você deverá se apresentar lá amanhã de tarde.
Centro de recomendação de escolas”
--- Maravilha, continuam com essa confusão de “Senhorita”...